O que é: Deus Ex Machina em Literatura

O que é Deus Ex Machina em Literatura?

Deus Ex Machina é um termo em latim que significa “deus surgido da máquina”. Na literatura, esse conceito se refere a uma técnica narrativa em que um problema insolúvel ou uma situação complicada é resolvida de forma repentina e inesperada por meio da intervenção de um elemento externo, muitas vezes divino ou sobrenatural. Essa técnica é frequentemente utilizada para criar um desfecho rápido e conveniente, mas pode ser considerada uma falha de escrita se não for bem executada. Neste glossário, exploraremos em detalhes o conceito de Deus Ex Machina na literatura, suas origens históricas e exemplos de sua utilização.

Origens históricas do Deus Ex Machina

O Deus Ex Machina tem suas raízes na tragédia grega antiga, onde era comum o uso de deuses para resolver os conflitos e desenlaces das peças teatrais. Naquela época, um guindaste ou grua era usado para suspender um ator que representava um deus, que então descia ao palco para resolver os problemas dos personagens. Essa técnica era uma forma de trazer uma solução rápida e dramática para os dilemas enfrentados pelos protagonistas.

Características do Deus Ex Machina

O Deus Ex Machina é caracterizado por sua natureza abrupta e inesperada. Ele surge quando a trama parece não ter uma solução plausível ou quando o autor deseja encerrar rapidamente a história. Geralmente, o elemento externo que intervém é divino, sobrenatural ou altamente improvável. Essa intervenção pode ser representada por um personagem, um objeto mágico, uma reviravolta inesperada ou qualquer outro elemento que resolva o conflito de forma conveniente.

Exemplos de Deus Ex Machina na literatura

Um exemplo clássico de Deus Ex Machina na literatura é encontrado na obra “Édipo Rei”, de Sófocles. No final da peça, quando Édipo está prestes a descobrir a verdade sobre sua identidade e cometer um ato terrível, um mensageiro chega para revelar que ele não é o verdadeiro filho de seus pais. Essa revelação repentina e inesperada resolve o conflito de forma conveniente, mas também pode ser considerada uma solução fácil demais.

Outro exemplo famoso é encontrado na obra “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien. No momento em que Frodo e Sam estão prestes a serem derrotados por Gollum, que deseja tomar o Anel, Gollum acidentalmente cai no abismo do fogo do Monte da Perdição, destruindo o Anel e resolvendo o conflito de forma repentina. Essa intervenção de Gollum pode ser considerada um Deus Ex Machina, pois é uma solução inesperada e conveniente para o problema.

Críticas ao Deus Ex Machina

O Deus Ex Machina é frequentemente criticado por ser uma técnica narrativa preguiçosa e pouco satisfatória. Muitos críticos argumentam que sua utilização pode diminuir a tensão e o impacto emocional da história, além de parecer uma solução fácil e pouco realista para os problemas enfrentados pelos personagens. Além disso, o uso excessivo de Deus Ex Machina pode levar à falta de coerência e verossimilhança na trama.

Alternativas ao Deus Ex Machina

Para evitar o uso excessivo de Deus Ex Machina, os escritores podem recorrer a outras técnicas narrativas mais satisfatórias. Uma alternativa é o desenvolvimento cuidadoso dos personagens e suas motivações, para que suas ações e decisões sejam coerentes com a trama. Além disso, é possível criar reviravoltas e conflitos internos que sejam resolvidos de forma mais plausível e satisfatória. A construção de um enredo bem estruturado e a utilização de pistas e foreshadowing também podem ajudar a evitar a necessidade de um Deus Ex Machina.

Conclusão

Em resumo, o Deus Ex Machina é uma técnica narrativa em que um problema insolúvel ou uma situação complicada é resolvida de forma repentina e inesperada por meio da intervenção de um elemento externo. Embora seja uma solução rápida e conveniente, o Deus Ex Machina pode ser considerado uma falha de escrita se não for bem executado. É importante que os escritores busquem alternativas mais satisfatórias e plausíveis para resolver os conflitos de suas histórias, evitando o uso excessivo dessa técnica. Com um cuidadoso desenvolvimento de personagens, enredo bem estruturado e utilização de outras técnicas narrativas, é possível criar desfechos mais satisfatórios e coerentes.

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