Misto-Quente Charles Bukowski – Resenha
Sinopse: Para Henry Chinaski -protagonista desta obra-, o que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929 é ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão de obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas.
Misto-Quente, o livro que destruiu meu coração
Eu terminei de ler esse livro há mais ou menos duas semanas, e acreditem, ainda estou em choque com o quanto esse livro marcou. Provavelmente eu nunca tinha lido um livro que me cortasse tão fundo e me fizesse entender tantas coisas sobre a minha própria vida e a maneira que o mundo funciona – ou que ele não funciona.
O livro descreve com uma imensa riqueza de detalhes toda a vida de Henry Chinaski desde criança até os 18 anos. Talvez por esse motivo esse livro seja tão marcante, é nesse período que formamos muitas de nossas opiniões sobre o mundo e aprendemos uma série de comportamentos.
Alguém disse amor?
Algo que fica bem visível desde o começo do livro, é como a falta de amor em casa pode guiar os rumos da vida e o comportamento de uma pessoa. Logo cedo, Henry percebe que é diferente das outras crianças – elas sorriem, ele não. Pouco a pouco isso vai passando a tomar conta dele, com atitudes agressivas e uma dificuldade em gostar das outras pessoas.
Nas suas próprias palavras seu pai é um pouco mais que nada, diante disso fica visível que seu pai desconta toda a raiva que tem do mundo e das pessoas no próprio filho- muito provavelmente ele foi criado da mesma maneira, e queria eu que essa história fosse apenas ficção e não acontecesse diariamente com diversas pessoas.
Quantas pausas eu fiz mesmo?
Ao mesmo tempo que toda essa história envolvendo toda a infância e adolescência do nosso protagonista me envolveu, ela também me deu um aperto absurdo no estômago, como se anos de coisas incompreendidas, tanto com relação a mim, quanto em relação aos outros, estivesse vindo a tona como um meteoro que atravessa a atmosfera prestes a acabar com toda a vida do planeta.
Esse é aquele tipo de livro te faz chorar sem derramar uma única lágrima – essa é a melhor expressão que posso chegar após passar três semanas pensando sobre tudo que li e finalmente voltando para compartilhar minha opinião.
Porque esse livro é tão importante
Essa obra maravilhosa nos ajuda a entender, e muito, o motivo de certas coisas serem da maneira que são na vida adulta. Eu particularmente acho a escolha de título genial, por ser algo simples, um misto-quente é algo que você pode encontrar em qualquer lugar, e é até mesmo desprezado por certas pessoas, o que encaixa perfeitamente com os acontecimentos da história.
Um ato simbólico que talvez possa passar despercebido aos menos atentos, é quando o pai de Henry descobre seus contos e joga todas as suas coisas na rua, incluindo tudo que ele escreveu e a sua máquina de escrever. Seu pai, que beira a psicopatia está rejeitando pela última vez, não apenas seu filho mas também toda sua sensibilidade que não se encaixa bem naquele mundo.
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Saiba mais
Se eu recomendo esse livro? Com todas as minhas forças
Como diz o prefácio, quem não leu Misto-Quente, não leu Bukowski, e quando você ler esse livro, você vai entender exatamente porque essa fala não é exagerada. Após ler Misto-Quente, toda uma nova luz cairá sobre as obras de Bukowski e você entenderá tão bem o seu amor por esses personagens marginais, que será impossível se livrar dele.
Que tempos penosos foram aqueles anos – ter o desejo e a necessidade de viver, mas não a habilidade.
Charles Bukowski
Carinhosamente
Marcos Mariano