Resenha Uma dor tão doce

A despedida é uma dor tão doce

Sinopse: É 1997 e Charles Lewis passa os dias quentes das férias andando de bicicleta pela cidade. Às vezes ele também lê. Não há nada mais para fazer quando se está afastado dos amigos, a família está caindo aos pedaços e não se tem ideia de qual será o próximo passo. Mas os dias tediosos e vazios de Charlie estão prestes a ter fim.

Ao se deparar com uma companhia de teatro ensaiando Romeu e Julieta, sua primeira reação é fugir, mas ele talvez tenha encontrado um bom motivo para ficar: Julieta. No caso, a atriz que vai interpretar a personagem. Fran Fisher, uma garota bonita, confiante e metida a artista.

Mas quem nos conta essa história, repleta de idas e vindas no tempo, não é o garoto Charles. É o adulto, que, às vésperas de seu casamento, rememora — com uma mistura sutil de humor e melancolia — um verão intenso, que moldou o homem que é hoje.

Em semanas que marcarão sua vida, rodeado por textos do século XVI, figurinos, novas amizades e uma miscelânea de sentimentos inéditos, Charles desviará de conversas sobre o futuro enquanto tentará não ser devorado pela confusão de sua dinâmica familiar. E, ao lado de Fran, vai encontrar uma chance de se redescobrir e reinventar.

Uma dor tão doce, David Nicholls

Quem é David Nicholls?

David Nicholls nasceu em 1966, na Inglaterra. Formado em literatura e teatro inglês, atuou em espetáculos teatrais e como editor de roteiros para a televisão e o cinema. Além de Um dia, publicou os romances Starter for Ten e The Understudy. O autor possui outros cinco títulos publicados pela Intrínseca, sendo eles: “Nós”, “O substituto”, “Resposta certa”, “Um dia”, e “Um dia – Edição Especial”. Com toda certeza esse é um autor que pretendo conhecer mais a fundo durante esse ano lendo cada um de seus livros, já que sou um amante de romances.

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Naquele verão eu quis tanto fugir quanto ficar ali para sempre

O décimo sétimo livro da Intrínsecos traz um sentimento de nostalgia tão forte que me fez viajar por vários momentos da minha vida. Há muito tempo eu esperava por um livro que eu simplesmente não comparasse com O Apanhador no Campo de Centeio para ser o melhor que já li.

Uma dor tão doce traz um misto de emoções que mexeram muito comigo, sou um amante do teatro e sei do seu poder de mudança sobre as pessoas. Mais que isso, sou um amante de Shakespeare. Como me esquecer de todas peças que já vi? Charlie Lewis, já adulto, conta a história do verão que mudou sua vida completamente e moldou a pessoa que ele se tornou.

Consegui me conectar com o protagonista facilmente já que no final do meu ensino médio me encontrei em uma situação parecida: sem amigos e longe de saber o que fazer da vida.

O trabalho de David Nicholls nesse livro foi maravilhoso, tanto em transmitir o sentimento de nostalgia com intensidade, quanto em não permitir que a encantadora Fran Fisher tivesse um brilho que ofuscasse todos os outros personagens, como acontece com Alasca Young em “Quem é Você, Alasca?” de John Green.

A maneira com que a relação de Fran Fisher e Charlie Lewis se desenvolve nos faz lembrar fortemente os amores vividos na adolescência – cheios de inocência, aventura e sentimentos intensos. A velocidade com que as coisas acontecem também é bastante agradável, não há pressa alguma para se chegar ao final ou em algum objetivo, todo o foco é no processo.

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Do que você tem medo Charlie?

Nosso protagonista é um personagem com medo de muitas coisas: a intimidade com seu pai, a relação com sua mãe e sua irmã e, principalmente, seguir com a sua vida, se recusando constantemente a dar um rumo para seus estudos e vida profissional. Felizmente ele encontra com várias pessoas legais em seu caminho, principalmente os amigos que ele faz na companhia de teatro enquanto ensaia Romeu e Julieta.

“Romeu e Julieta é uma tragédia escrita no final do século XVI, pelo maior autor de língua inglesa, Willian Shakespeare. É uma das peças mais levadas aos palcos do mundo inteiro e, em mais de cinco séculos, foi adaptada em pinturas, poesias, músicas e filmes.”

Acredito que de todos os medos de Charlie, o amor ocupa um lugar de destaque. Geralmente ele esconde tudo que sente, com medo de se expor, isso acontece inicialmente quando ele vai ler escondido longe da cidade e constantemente na relação com seu pai, que felizmente tem um ponto da virada.

Tem muito Charlie Lewis em mim, você não acreditaria

Enquanto avançava pelas páginas de Uma dor tão doce, eu era constantemente consumido pelo sentimento de não saber se queria fugir ou ficar por aqui para sempre. A maneira de amar e a maneira de fugir de Charlie são muito parecidas com as minhas, então não tinha como não gostar.

Existem infinitos motivos pelos quais eu recomendaria a qualquer pessoa a leitura desse livro, entre eles: uma mistura perfeita entre romance e drama, uma viagem grátis de volta para o seu primeiro amor e os tempos de ouro que nunca voltarão e, em especial, um olhar um pouco mais sensível para como você encara a vida, as pessoas queridas, e os seus problemas.

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Sem dúvidas esse livro me fez crescer muito e lembrar de muitas coisas que causam um frio na barriga. No momento que termino de escrever essa resenha com lágrimas nos olhos, luto internamente com o fantasma do passado que sempre nos faz pensar em como as coisas teriam sido se tivéssemos tomado algumas decisões diferentes. Felizmente não podemos mudar o passado, mas podemos mudar o futuro, e é nisso que acredito.

Carinhosamente
Marcos Mariano

Marcos Mariano
Marcos Mariano

Tenho 30 anos e sou apaixonado por jogos, animes, tecnologia, criptomoedas e literatura. Atualmente estudo Marketing Estratégico Digital e mato meu tempo escrevendo qualquer coisa que passe pela minha cabeça.

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